Friday, February 23, 2007

O metro de Aveiro

Quantos de nós já não ouviram falar da ideia de um metro para Aveiro? Pois eu ouvi falar disso há já bastante tempo, e, como é normal, na minha imaginação o metro de Aveiro desenhou-se e começou a funcionar.

O serviço de metro de Aveiro que existe na minha mente é um misto de metro à superfície com metro subterrâneo, que serpenteia por todo o concelho e que, inclusive liga Aveiro aos seus concelhos vizinhos criando uma rede de proximidade e que promove o crescimento do Distrito.

A oeste o metro de Aveiro liga ao concelho de Ílhavo, tanto ao centro de Ílhavo como às praias da Barra e Costa Nova, passando pelas Gafanhas, permitindo um acesso fácil e rápido a todos, especialmente durante o Verão, permitindo ligação a Aradas vindo da Universidade de Aveiro. A Sul a ligação é com Oliveira do Bairro, terminando no centro do Concelho e passando por São Bernardo, Oliveirinha e Nariz. A Este liga em Estarreja, Albergaria e Águeda, entrando respectivamente por Esgueira e Cacia (nos casos de Estarreja e Albergaria) e por Azurva, Eixo, Eirol e Requeixo (no caso de Águeda), aproveitando ao máximo a linha do Vouga, estrutura já existente. A Norte, com arrojo, uma ligação subterrânea a São Jacinto que levaria o metro à Murtosa.

Um metro de Aveiro que conseguisse todas estas ligações seria um portento que iria promover o crescimento populacional e económico de uma grande parte do nosso Distrito e que iria transformar Aveiro numa verdadeira capital de Distrito.

Porém, aquilo que mais sonhei e desenhei na minha mente foi o metro no centro da cidade. Aqui o metro teria várias linhas que se cruzariam em dois pontos-chave da cidade: a estação e a Sé. Estes seriam as duas grandes interfaces da rede de metro, pontos de união das várias linhas, estações subterrâneas que alimentariam de vida e de dinâmica o resto da cidade.

Da universidade viria a linha azul que passaria pelo hospital, pelo Governo Civil, a Sé, seguiria pelas traseiras do Oita, chegando à estação antes de seguir para Esgueira e Cacia. A partir do Glicínias viria a linha amarela que passaria pelo Bairro de Santiago, pela rua Dr. Mário Sacramento, Avenida 25 de Abril, Sé, Pontes, Teatro Avenida seguindo pela estação a caminho do Caião, Griné, Azurva, Eixo, Eirol e Requeixo. A terceira linha, a linha verde, sairia do estádio, passando pelo Retail Park, pelo Carrefour, Feira Nova, Olho de Água, estação, centro cultural e de Congressos, Forca, Parque de Exposições e de Feiras, e terminaria a sua viagem em Santa Joana.

As estações de metro seriam obras de arte, desenhadas por arquitectos e estudantes de arquitectura, escolhidos por concurso, e todas as estações teriam a sua identidade própria, referindo-se a Aveiro, à sua história, tradição e cultura.

Obviamente que uma rede de metro assim seria extremamente dispendiosa, mas o sonho não tem preço, nem se mede no finito, mas antes nos releva para o infinito, para o campo da perfeição.

Por agora o sonho de um metro em Aveiro não passa de uma frustração e de uma ideia adiada mas quem sabe se no amanhã, até 2020, não haverá em Aveiro um metro e que esse metro sirva de ponto de encontro entre viajantes desencontrados que escolheram Aveiro para se encontrar?

Wednesday, February 21, 2007

A Aveiro que sonhei…

Ultimamente tenho dado por mim a discutir com amigos e conhecidos a nossa cidade de Aveiro. Por coincidência, ou talvez não, parece que andamos todos desiludidos, tristes e cabisbaixos nesta cidade que é nossa e que nos acolheu.

Eu nasci em Aveiro, aqui fui criado e aqui vivo, outros escolheram Aveiro como sua sede de vida e para aqui imigraram quando a vida lhes permitiu, e outros de Aveiro saíram sem nunca esquecerem esta cidade de canais e de pirâmides de sal, entre o mar e a montanha. Todos, os que cá nasceram e ficaram, os que cá nasceram e tiveram que partir, os que para cá vieram, todos somos Aveiro, esta é a nossa terra, esta é a nossa casa.

Porém parece que vivemos de costas voltadas, que recusamos a nos conhecermos melhor, a aproveitarmos as nossas diferenças para crescermos enquanto pessoas e enquanto cidade. Ás vezes dou por mim a pensar que em Aveiro parece que há quem pense que é mais aveirense que os outros ou quem sinta que cá pertence menos que outros, e isto não é vida para ninguém.

Algures no tempo que passou alguém decidiu que a ria devia ser fronteira e não rota para o mundo, que as raízes são temporais ou históricas, e não afectivas, e Aveiro mirrou, fechou-se ao mundo e dividiu-se entre os “Aveirenses” e os “aveirenses”, criando uma cidade, um concelho, de contrastes e de diferenças, de legitimidades e de indiferenças, uma cidade de costas voltadas para si própria, uma cidade que se auto-exclui de si e do mundo em que vive.

Quando era miúdo Aveiro era o meu mundo e aqui tudo acontecia. As ruas eram estádios de futebol maiores que o Maracanã, os parques terras de aventuras perpétuas em que o bem vencia sempre o mal, a escola lugar de conhecimento e sabedoria que me deslumbrava. Sempre que podia, nas férias, lembro-me de ir ao porto esperar os barcos que regressavam da faina, de passear pelos mercados cheios de vida, dos sorrisos nas caras das pessoas que passavam e desejavam bom dia, e lembro-me de pensar que era aqui que queria viver pois no mundo não poderia haver melhor, e o que de melhor houvesse no mundo um dia, também, haveria de cá chegar.

O meu sonho de Aveiro era uma terra de braços abertos ao mundo, de olhos postos na ria e no mar como caminhos a desbravar, uma casa para todos os que cá quisessem morar, uma terra que crescesse com os sonhos de todos os aveirenses, fossem quem fossem, uma terra em que a felicidade não era um objectivo a conquistar mas, antes, um estado de espírito que se renovava todos os dias ao despertar.

Inspirado nas conversas que tive ultimamente, com amigos e conhecidos, e se a inspiração mo permitir, irei ao longo das próximas semanas compartir convosco a Aveiro que sonhei, a Aveiro que está por cumprir, a Aveiro em que um dia poderemos todos habitar, uma Aveiro de todos, com todos e para todos, porque os sonhos são para se viver e a vida é para sonhar!